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Classe C alavanca TV paga, que cresce 30,45%

fevereiro 13th, 2012

Indicadores apresentados pela ABTA revelam que classe C já representa um terço da base de assinantes

Nathalie Ursini

O crescimento da classe C no Brasil, mais uma vez, alavancou os números de assinantes da TV paga no país. “Hoje, a classe C já representa 30% da base de assinantes”, afirma Alexandre Annenberg, presidente da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA). Segundo pesquisa apresentada nesta quarta-feira, 1º, a base de assinantes de TV paga teve um aumento de 30,45% no último ano, e está presente em mais de 12,7% dos domicílios brasileiros, o que equivale a aproximadamente 42 milhões de telespectadores. Para Annenberg, a TV paga é um objeto de desejo de grande parte da população e desse novo contingente de consumo.

Como consequência, afirma Annenberg, “o mercado descobriu a TV por assinatura como uma mídia interessante de investimento”, declarou, associando o crescimento investimento publicitário ao aumento do número de assinantes.
O Projeto Inter-Meios aponta que, entre janeiro e outubro de 2011, a TV por assinatura teve o segundo maior crescimento no volume total dos investimentos de publicidade (17,47%), atrás apenas da internet com 22,23%.

Outro dado apresentado como forte atrativo para o mercado anunciante é o poder de segmentação, que permite maior flexibilidade na customização de campanhas. “A TV aberta é a grande massa e ainda é muito forte, mas temos ganhado mais espaço a cada dia, principalmente com os anunciantes na questão de produção de conteúdo. Indo além dos tradicionais comerciais de 30 segundos, temos uma grande agilidade de responder aos anseios dos anunciantes e agências”, explica Rafael Davini, vice-presidente de vendas e marketing da Turner Broadcasting na América Latina.

Fred Müller, executivo comercial da Globosat, alerta para não só o crescimento da publicidade mas a entrada de outros anunciantes na TV paga. “Hoje, a TV fechada é composta principalmente pelos setores automobilístico, telecomunicação e financeiro. Mas já vemos um grande movimento de marcas de higiene pessoal e de campanha de varejo, que ainda são a grande fonte da TV aberta”, conta.

As estimativas da Anatel e do Banco Fator é que até 2015 o mercado de TV por assinatura deva ultrapassar os 20,2 milhões de domicílios, atingindo mais de 66 milhões de telespectadores no Brasil. Para Annenberg, a construção de redes de TV a cabo é de importânte para que seja possível integrar todas as plataformas.

Fonte: Meio & Mensagem

Jovens cariocas classe C giram R$ 5 bi por ano

fevereiro 13th, 2012

Pesquisa do Data Popular, encomendado pela rádio Beat98, entrevistou duas mil pessoas, com idade entre 15 e 25 anos, no Rio de Janeiro

Teresa Levin

Rádio e internet são as principais fontes de informação dos jovens da classe C carioca, é o que aponta o estudo “Geração C: o Retrato dos Jovens Cariocas”, desenvolvido pelo instituto Data Popular. A pesquisa, encomendada pela rádio Beat98, foi divulgada nesta terça-feira 31, no Rio de Janeiro. Foram entrevistadas duas mil pessoas com idade entre 15 e 25 anos. Atualmente, a classe C carioca envolve um universo de 3,5 milhões de jovens que ganham cada vez mais relevância econômica no núcleo familiar.

De acordo com o estudo, os jovens usam o rádio e a internet para conhecer outras pessoas e baixar músicas, além de procurar dicas de festas e eventos gratuitos, empregos e programas para o final de semana. Para esta geração, não há diferença entre o real e o virtual, os dois universos se misturam e se complementam. Algumas características destes jovens: 79% acessam a internet, 50% têm a internet como principal fonte de informação, 61% acessam as redes sociais e 55% têm o hábito de ler jornal semanalmente.

A pesquisa apontou ainda que este jovem dita tendências e se importa com a família, quebra regras e inventa outras, gosta de moda e consumo. Além destas características ele é, principalmente, formador de opinião. Ele movimenta com o próprio salário mais de R$ 5 bilhões por ano, utiliza cartões (70% de débito; 69% de crédito; 54% de loja) e ajuda financeiramente em casa (23% fazem as compras de mês; 22% pagam contas; 64% são responsáveis pelas compras de itens de tecnologia).

As condições de vida e as perspectivas dele são melhores que as dos seus pais: eles são mais escolarizados e conseguem melhores empregos. Na comparação da média salarial, para cada R$100 que um pai da classe C ganha, os filhos recebem R$ 72,30 – em uma família de elite, este valor cai para R$28,50, em comparação com os mesmos R$ 100 ganhos pelos pais. Eles se enxergam como agentes que contribuem diretamente para a melhoria da família, o que se reflete em suas atitudes. Eles colaboram em casa, cuidam dos irmãos e, principalmente, trabalham e estudam. Por tudo isso, influenciam diretamente na tomada de decisões.

Quando perguntados sobre quais são seus sonhos, a primeira resposta é educação, seguida de trabalho, moradia, família, dinheiro e ser feliz. Este é um jovem responsável, que gosta de sair à noite para ouvir pagode e funk, seus ritmos musicais preferidos, mas acorda cedo para trabalhar e estudar. Ele valoriza sua origem e não quer ser igual ao jovem de elite: se orgulha de sua identidade, só quer ter melhores condições de vida.

Esta também é uma geração que não aceita rótulos, é versátil, adota diversos papéis e não faz parte de nenhuma tribo específica. Tem forte relação com o lar (45% se consideram mais caseiros), que é o seu núcleo mais forte. A família é o principal ponto de apoio, mas a família eleita (amigos e vizinhos) é tão importante quanto seus parentes.

Quanto aos hábitos de consumo, 80% valorizam ofertas e produtos com desconto na hora da compra e 275 mil jovens cariocas da nova classe média fazem as compras de supermercados. Além disso, 67% não gostam de acumular dívidas. Concentra a maioria de suas atividades no bairro onde mora, inclusive grande parte de seu consumo. A Geração C carioca faz suas compras prioritariamente em lojas de rua (62%) e em shoppings (56%). Entre os produtos que gostam de adquirir estão roupas, calçados, acessórios, comidas, lanches rápidos e variedades como DVD´s.

Fonte: Meio & Mensagem

A vida melhora

julho 12th, 2011

Vinte milhões de pessoas alcançaram renda familiar de R$ 1,1 mil, nos últimos dois anos, elevando a população nessa faixa de rendimento. Número de pobres caiu de 93 milhões para 73 milhões

Os economistas adoram discutir os grandes números da economia, o PIB, o nível de emprego e de investimento, juros, dívida, o sobe e desce das bolsas. Mas a melhor tradução para o especial momento da economia brasileira pode muito bem vir de uma pesquisa divulgada ontem pela Cetelem, financeira do banco francês BNP Paribas. Ela sugere que, em dois anos, 20 milhões de pessoas deixaram os estratos mais pobres e passaram para a classe média. Classe média brasileira, com renda familiar ao redor dos R$ 1,1 mil mensal, mas ainda assim um impulso que praticamente dobrou o rendimento disponível.

“Pode-se afirmar que o bem-estar da sociedade brasileira passa por uma pequena revolução”, diz o estudo encomendado pela Cetelem. Entre 2005 e 2007, a população aumentou de 184 milhões para 187,2 milhões. Mas o ritmo de crescimento da classe C foi bem maior, de 62,7 milhões para 86,2 milhões no mesmo período – passou de 34% para 46% dos brasileiros. Enquanto isso, a classe D/E encolheu de quase 93 milhões de pessoas para 73 milhões.

Mobilidade
“O outro lado da moeda é o decréscimo de também 12 pontos percentuais da proporção de pessoas que formam as classes D/E: era de 51%, em 2005, e atingiu 39%, em 2007. É importante ressaltar que o número de pessoas que passou de D/E para C teve um aumento de renda média mensal de R$ 580 para R$ 1,1 mil”, diz a pesquisa Observador 2008, que traça o perfil do consumidor e dos lares do país.

“A migração entre as classes significa um aumento na qualidade de vida e a análise dos últimos anos mostra a consolidação de uma tendência. Em 2006, tínhamos medo de que o crescimento fosse apenas pontual, por conta das eleições, mas agora vimos que é contínuo”, avalia o diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez.

Na prática, vários sinais indicam a emergência da classe média no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep), a classe C é o segmento que mais cresce e já representa 43% da renda disponível para consumo no país. “As pessoas estão migrando da classe D para a C e aí há uma demanda crescente”, disse, no final de fevereiro, o diretor-presidente da Natura, Alessandro Carlucci, ao justificar as mudanças na empresa para focar os segmentos de menor renda.

A Positivo, líder do comércio de computadores no país, comemorou 1,38 milhão de máquinas vendidas no ano passado apontando para a classe C como responsável pelo boom no consumo. Ainda em 2007, 37% dos internautas brasileiros estavam nessa faixa de renda, mas devem chegar a 40% este ano e são os principais responsáveis pelo aumento de vendas na rede – relatório recente da consultoria E-bit mostrou que a maior parte dos 2,5 milhões de novos compradores pela internet são da classe C. E 70% dessa faixa de rendimentos já possui pelo menos um celular (eram 59% em 2006).

Consumidores mais exigentes
Renda e crédito em alta aguçam o desejo de consumo. A pesquisa Observador 2008, encomendada pela financeira Cetelem ao instituto Ipsos, sugere que a classe média quer adquirir produtos semelhantes àqueles listados pelos mais ricos.
Para o diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez, ao entrar na classe C o consumidor passa a ser mais exigente na hora de comprar produtos e serviços. “Vemos um aumento da exigência do consumidor em termos de produtos e serviços. Antes, a pessoa queria apenas uma TV. Hoje, ela quer uma TV de tela plana”, explica.

Segundo a pesquisa do ano passado, os maiores crescimentos na intenção de compra de bens foram para móveis, eletrodomésticos, lazer/viagem, TV, Hi-fi e vídeo, telefone celular e computador para casa. Foram sete de 12 itens analisados. Em 2007, desses seis itens, três mantiveram-se em trajetória de crescimento: passou de 19% para 24% a intenção de compra de telefone celular; computador para casa subiu de 17% para 20% no último ano; e decoração foi de 16% para 18%. A intenção de adquirir uma propriedade também continua em uma trajetória de alta, saindo de 10% para 11% e agora em 2007, 13%.

Mas se esse é o cenário geral, a pesquisa mostra que a intenção de compra da classe C cresceu por dois anos consecutivos de forma semelhante às classes A/B, com o desejo concentrado em eletrodomésticos, telefone celular, computador para casa, decoração e propriedades. “Destaca-se a intenção de consumo de propriedades, que saiu de 10% em 2005, pulou para 14% em 2006 e agora atinge o recorde de 16% com acesso ao crédito facilitado. Nunca a classe C quis adquirir tanto um imóvel como hoje”, diz o estudo.

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2008/03/classe-c-maioria.html
Fonte: Helena Sthephanowitz

O poder de compra dos evangélicos

janeiro 31st, 2011

Os evangélicos movimentam R$ 1 bilhão por ano no mercado de produtos. Os evangélicos consomem produtos – e bem. O Ibope mostra dados de uma pesquisa em que os hábitos de compras desse público são apresentados: 75% têm imóvel próprio, 79% desejam comprar roupa esporte e 68% quer adquirir trajes sociais.

O segmento cristão movimenta em torno de R$ 1 bilhão em produtos por ano. E os investidores não são apenas do Brasil. Para o presidente da EBF Comunicações, Eduardo Berzin Filho, o comportamento do consumidor cristão está mudando com tempo. Ele está mais exigente e busca marcas de qualidade. “As empresas estão descobrindo o potencial de se investir no segmento cristão. É um segmento fiel e atento para o consumo de bons produtos”.

Berzin destaca que empresas como Sony, Som Livre, Ediouro e EMI estão entre aquelas que investem nesse público. Para ele, até 2020 essas pessoas representarão 50% da população brasileira.

Para as marcas interessadas no público, vale a pena conferir mais dados do Ibope. Do total dos entrevistados, 66% eram homens com a idade média de 34 anos. Em relação à classe social, 56% pertencem as classes B e 32% a C. Das lideranças evangélicas, 70% responderam que têm carro e 40% querem adquirir nos próximos seis meses uma TV LCD, de plasma ou LED.

No item bens e serviços, 19% dos evangélicos de um modo geral pretendem adquirir celular. E também TV por assinatura (21%) e computador (22%). Mais: 58% possuem cartão de crédito e 50% contam com plano de saúde.

Dos entrevistados, 86% frequentam a igreja entre sete e seis vezes no mês. Eles vão a restaurante uma vez por semana (27%) e não freqüentam estádio de futebol (82%). Por outro lado, a música é o instrumento de identificação do grupo: 98% ouvem música com frequência. Além disso, 73% compram livros mensalmente.

A pesquisa mostra também que 73% assistem programas religiosos regularmente. Dos líderes religiosos que comandam essas atrações, Silas Malafaia têm 49% da preferência. R.R Soares vem em segundo, com 38%.

Fonte: m&m on line

Presidenta, sim!

janeiro 12th, 2011

Marcos Bagno*

Dilma Rousseff adotou a forma PRESIDENTA, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada.

Se uma mulher e seu cachorro estão atravessando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma, e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido inscrustada na gramática das línguas.

Somente no século XX as mulheres puderam começar a lutar por seus direitos e a exigir, inclusive, que fossem adotadas formas novas em diferentes línguas para acabar com a discriminação multimilenar. Em francês, as profissões, que sempre tiveram forma exclusivamente masculina, passaram a ter seu correspondente feminino, principalmente no francês do Canadá, país incomparavelmente mais democrático e moderno do que a França. Em muitas sociedades desapareceu a distinção entre “senhorita” e “senhora”, já que nunca houve forma específica para o homem não casado, como se o casamento fosse o destino único e possível para todas as mulheres. É claro que isso não aconteceu em todo o mundo, e muitos judeus continuam hoje em dia a rezar a oração que diz “obrigado, Senhor, por eu não ter nascido mulher”.

Agora que temos uma mulher na presidência da República, e não o tucano com cara de vampiro que se tornou o apóstolo da direita mais conservadora, vemos que o Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma presidenta, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada. Mas o que faz a nossa “grande imprensa”? Por decisão própria, com raríssimas exceções, como Carta Capital, decide usar única e exclusivamente presidente. E chovem as perguntas das pessoas que têm preguiça de abrir um dicionário ou uma boa gramática: é certo ou é errado? Os dicionários e as gramáticas trazem, preto no branco, a forma presidenta. Mas ainda que não trouxessem, ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de formação de palavras da língua.

Assim procederam os chilenos com a presidenta Bachelet, os nicaraguenses com a presidenta Violeta Chamorro, assim procedem os argentinos com a presidenta Cristina K. e os costarricenses com a presidenta Laura Chinchilla Miranda. Mas aqui no Brasil, a “grande mídia” se recusa terminantemente a reconhecer que uma mulher na presidência é um fato extraordinário e que, justamente por isso, merece ser designado por uma forma marcadamente distinta, que é presidenta. O bobo-alegre que desorienta a Folha de S.Paulo em questões de língua declarou que a forma presidenta ia causar “estranheza nos leitores”. Desde quando ele conhece a opinião de todos os leitores do jornal? E por que causaria estranheza aos leitores se aos eleitores não causou estranheza votar na presidenta?

Como diria nosso herói Macunaíma: “Ai, que preguiça…” Mas de uma coisa eu tenho sérias desconfianças: se fosse uma candidata do PSDB que tivesse sido eleita e pedisse para ser chamada de presidenta, a nossa “grande mídia” conservadora decerto não hesitaria em atender a essa solicitação. Ou quem sabe até mesmo a candidata verde por fora e azul por dentro, defensora de tantas ideias retrógradas, seria agraciada com esse obséquio se o pedisse. Estranheza? Nenhuma, diante do que essa mesma imprensa fez durante a campanha. É a exasperação da mídia, umbilicalmente ligada às camadas dominantes, que tenta, nem que seja por um simples -e no lugar de um -a, continuar sua torpe missão de desinformação e distorção da opinião pública.

* Professor de Linguística na Universidade de Brasília

As redes sociais e a democracia

novembro 9th, 2010

Em nossa democracia, é muito baixa a possibilidade de decidir e intervir. A única delas é o voto, pouco para um exército acostumado a clicar, a escolher tudo a toda hora.

por Fernand Alphen

Redes sociais: duas entre cada dez palavras pronunciadas por qualquer bem pensante hoje em dia, em papos de “Abalar Bangu”. Mais um daqueles inúmeros fenômenos que surgem para acrescentar alguns charts às palestras dos gurus Best Sellers. Mais um tema para excitar os especuladores, os caçadores de talentos e os vendilhões de empresas.

Tudo nas novas plataformas de informação são reedições corrigidas e ampliadas. Os luditas e blasés adoram dizer isso. Portanto, para eles, redes sociais são espécies de “Rotary(s) Clubes” digitais.

Esse tipo de desmistificação é sempre um divertido argumento para brochar os excessivamente excitados mas é quase sempre um álibi intelectual para uma inépcia de entendimento das mudanças de comportamento que estão por detrás dessas “velhas novidades”.

Mas o que me interessa mais nos clubinhos virtuais é uma espécie de panacéia democrática que por ali grassa. Sem querer intelectualizar demais o papo, já é lugar comum dizer que a molecada tem um interesse muito passageiro, para não dizer inexistente, por política. A não ser em momentos de euforia ideológica, como a atualmente em curso no ringue das eleições norte-americanas, ela tem um desprezo absoluto por qualquer lógica majoritária.

É que de fato, essa coisa de submeter-se a qualquer decisão da “maioria”, é frustrante em tempos de liberdade de expressão absoluta e universal, de cauda longa, de morte do direito autoral e etc.

Em nossa democracia, é muito baixa a possibilidade de decidir e intervir. A única delas é o voto, pouco para um exército acostumado a clicar, a escolher tudo a toda hora.

É essa falência do “majoritário” que motiva e apaixona as redes sociais em todas as suas manifestações.

No limite, é como se estivéssemos encubando uma nova ordem mundial em que os humanos se agrupassem em torno de idéias compartilhadas, interesses ou polêmicas comuns, gostos e simpatias antes de geografias, línguas e qualquer outro tipo de aglutinação física.

No limite, as redes sociais configuram os novos “Estados” que trocam o majoritário pela unanimidade. E não há “exclusividade” nem “limite” de “nacionalidades”. Pode-se pertencer ao quantos “países” quisermos, com múltiplas “identidades” até e “desertá-los” quando eles não mais interessarem ou outros mais atraentes surgirem.

Antes de tratar-se de uma utopia, a experiência da nova ordem e sua possibilidade virtual vai corroendo todos os organismos e reinventando as relações sociais irremediavelmente.

* É diretor de Branding, Planejamento e Pesquisa da F/Nazca S&S – falphen@fnazca.com

O falso feminismo de silicone

agosto 31st, 2010

por Sergio Domingues

É costume dizer que o feminismo está morto. As mulheres teriam conquistado seu lugar ao sol. É maioria entre os trabalhadores, consumidores e eleitores. Há mulheres no parlamento e nos governos. Podem ser vista à frente de grandes empresas.

Quase tudo nessas afirmações é aparência. As mulheres são maioria no mercado de trabalho, mas de forma desigual. A maior parte dos postos de direção e gerência é ocupada por homens. Assim mesmo, os salários são sempre menores para elas.

No Congresso Nacional, parlamentos em geral e governos a visibilidade acontece exatamente porque a presença feminina continua rara. Nada rara é sua exposição como objetos em tudo isso. “Elas enfeitam o cenário”, dizem os machistas, que continuam na direção do espetáculo.
Não à toa o Brasil é um dos líderes mundiais em cirurgias plásticas.

Cerca de 70% delas são de caráter estético. Mais de 80% feitas em mulheres. Nos Estados Unidos e Europa, começa a fazer sucesso a labioplastia. Uma intervenção cirúrgica nos lábios vaginais. Grande parte delas nada tem a ver com correções necessárias à saúde.

É o novo machismo travestido de feminismo. Beleza e sensualidade seriam direitos conquistados pelas “mulheres emancipadas”. Além de cuidar da casa, dos filhos e ser competente na profissão, elas também têm que atender exigências impostas pelo mercado erótico.

Se isso pode ser massacrante para quem tem algum dinheiro, imagine para a grande maioria. Aquelas que mal conseguem comprar roupas novas.

Mulheres que denunciam essa situação são consideradas amargas, ressentidas, chatas. “Deixem disso” dizem os meios de comunicação. “Corram para os cirurgiões, cabeleireiros e liquidações. Rendam-se ao silicone e às próteses”. É o machismo cirurgicamente renovado pelos poderosos.

Princesas cor-de-rosa

agosto 31st, 2010

*Mirian Goldenberg

O rosa, imposto desde o berço, simbolizaria o culto da aparência no lugar da
inteligência?

A MONOCROMIA impera nas roupas e nos brinquedos das meninas. Basta observar em parques, praias, shoppings, escolas: o cor-de-rosa reina no universo infantil feminino.

O rosa não é só a cor das Barbies, mas também de vestidos, camisetas, biquínis, mochilas, sapatos, pulseiras, bicicletas, cadernos, lençóis, fantasias de princesa etc.

Enquanto as meninas estão de rosa da cabeça aos pés, os meninos vestem azul, verde, amarelo, vermelho, preto, cinza, laranja, branco e, até, algumas vezes, rosa.

Eles não são apenas mais livres no uso de cores, mas correm, brincam, gritam, jogam, se sujam e se machucam muito mais do que elas.

No comércio há uma invasão, nunca vista anteriormente, de produtos cor-de-rosa. Muitas mães afirmam que há uma ditadura do rosa, que as filhas acabam ficando viciadas nessa cor. Não há escolha para as que gostariam de mais diversidade.

No blog PinkStinks, duas mães inglesas declararam guerra ao que chamam de “pinkification” das meninas: a onipresença da cor rosa.

Elas acreditam que o fenômeno vai muito além da cor.

Dizem que a cultura do rosa, imposta às meninas desde o berço, é baseada no culto da beleza, do corpo, da aparência, da magreza, em detrimento da inteligência.

Apesar de parecer inofensivo, dizem, o rosa simboliza a cultura da celebridade, fama, riqueza e da obsessão pela imagem, que aprisiona e limita as aspirações das meninas sobre o que podem ser e realizar quando se tornarem mulheres.

O rosa, para elas, representa um retrocesso, o retorno de um modelo feminino que parecia ter sido abolido nos anos 1970 pelas mulheres que desejavam ser livres, independentes, fortes, poderosas, sexualmente ativas e donas do próprio corpo.

A comparação entre as cores e as brincadeiras de meninos e meninas sugere que faltará a elas, quando adultas, algo fundamental: liberdade.

Liberdade que, na minha pesquisa com cariocas das classes médias, elas afirmam invejar nos homens. Já eles dizem não invejar absolutamente nada nas mulheres.

Se a roupa fala da nossa cultura, o que o rosa diz sobre as futuras mulheres? Estaria falando de uma cultura que associa mulher a delicadeza, doçura, sensibilidade, inocência, fragilidade, fraqueza, passividade, inferioridade, submissão? De mulheres infantis e dependentes, que precisam da proteção de príncipes? Da dominação que transforma garotas superpoderosas em princesas cor-de-rosa?

*Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ao alcance de um mouse: o Orkut, o facismo e o descarte do ser humano

agosto 22nd, 2010

por Ana Veloso*

“Tolerar a existência do outro, e permitir que ele seja diferente ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro. Deveríamos criar uma relação entre as pessoas da qual estivessem excluídas a tolerância e a intolerância”. (José Saramago)

A profusão de comunidades que atacam os nordestinos no Orkut faz pensar. Assim como as comunidades dos “adeptos do estupro corretivo”, causa repulsa, revolta e estranhamento. A oferta das possibilidades tecnológicas de tais redes sociais não pode ser classificada de forma simplista como boa ou má. A técnica pela técnica, o mero aparato, tem ideologia?

Não podemos observar os fenômenos comunicacionais e tecnológicos separados dos contextos históricos, políticos, culturais e sociais onde estão inseridos. O ser desumano é a desmedida de todas as coisas. De forma vil, se apropria de tudo e de todos como objetos para consumo. Como se os outros, os humanos, os “descartáveis”, não pudessem ter a liberdade para ser, viver, existir.

Quando denunciamos a conexão entre os/as que se identificam pelo desejo de exterminar os nordestinos ou dos/as que celebram o “estupro corretivo de lésbicas”, e fazem suas manifestações criminosas via internet, observamos a instrumentalização de uma ferramenta para a violação dos direitos humanos. Isso não é nenhuma novidade uma sociedade que lançou a bomba atômica. “Os fins justificam os meios” (Maquiavel).

O primeiro fenômeno foi intensificado, recentemente, depois da catástrofe que dizimou centenas de vidas em Alagoas e Pernambuco. O segundo existe há muito tempo, tendo sido publicizado, inclusive, por representantes da ONU. Uma análise dos discursos dos/as pertencentes a esses “grupos” revela um teor tão intenso de violência que chega a causar descentramento, sobretudo diante do que compartilhamos como sentimento de pertencimento à humanidade. “O inferno são os outros” (Sartre).

“O exercício da liberdade de expressão não pode violar outros direitos humanos”. De qual tipo de “liberdade” estamos tratando? Certamente, não daquela que eleva a alma. Da que desenvolve o ser e o impulsiona à vida, à contemplação da natureza e à arte. Falamos de um sentido de liberdade que os/as participantes desses espaços virtuais ignoram. Sob a égide da opressão/dominação não é possível conceber a essência da liberdade.

As posições, os termos e a forma de pensar e agir dos que estão envolvidos nestes guetos exprimem o facismo presente em nosso cotidiano. Quando tratamos do tema, de modo sério e responsável, muitos/as saem em defesa dos/as que compactuam com esse absurdo. Já ouvi: “são jovens brincando”, “faz parte da liberdade na internet ”, “restringir é censurar”.

Até quando, tais argumentos irão dissimular a verdade? Quem prega o separatismo, a xenofobia, o racismo e os crimes de ódio coloca combustível nas engrenagens que movem a barbárie em todo o mundo. É por isso que a mecanização da vida e o descarte do ser humano são, hoje, divulgados sem o menor pudor para quem estiver “conectado/a”. Assim como a exploração sexual comercial virtual de crianças e adolescentes, são delitos que, no Brasil, estão ao alcance de um mouse.

* Jornalista, professora de jornalismo da UNICAP, colaboradora do Centro das Mulheres do Cabo, doutoranda em Comunicação pela UFPE e empreendedora social Ashoka

Rio é o estado com maior índice de mulheres na disputa eleitoral

agosto 2nd, 2010

Os estados onde as mulheres mais se interessam na disputa por um cargo nas eleições de outubro são o Rio de Janeiro, com 27,95% de candidatas, seguido por Santa Catarina, com 27,9%, e pelo Rio Grande do Sul, com 26,9%. Os estados que, proporcionalmente, terão menos mulheres no pleito são Espírito Santo (12,9%), Pernambuco (13,6%) e Minas Gerais (14,8%).

Apesar de serem a maioria entre os eleitores (52%), as mulheres ainda são minoria na disputa das eleições deste ano. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 21.760 candidatos registrados até o momento, apenas 21,5 % são mulheres. O cargo em que o registro de mulheres é maior é de deputado distrital: 220 dos 885 candidatos, o que representa um índice de 25,7%.

O cargo menos pleiteado pelas mulheres é o de governador – somente 10,7% dos 168 candidatos são do sexo feminino, totalizando 18 candidatas.

A Lei Eleitoral determina que 30% das vagas sejam destinadas ao sexo que se apresente como minoritário entre os inscritos para concorrer aos cargos de deputado federal, estadual e distrital. Apesar de não citar as mulheres, o artigo foi incluído para incentivar a participação feminina na política brasileira.

Agência Brasil