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Super-heróis são maus modelos

agosto 21st, 2010

por Arnaldo Rabelo

Segundo a Dra. Sharon Lamb, professora emérita da Universidade de Massachusetts-Boston, a imagem de super-heróis batendo em vilões pode não ser boa se a sociedade quiser promover comportamentos masculinos mais gentis e menos estereotipados.

Em comunicado divulgado pela entidade, ela afirmou existir uma grande diferença entre os heróis dos filmes de hoje e os dos quadrinhos do passado. Em suas próprias palavras, “os heróis de hoje participam de ações ininterruptas de violência”. Esses personagens seriam agressivos, sarcásticos e raramente demonstrariam a virtude de fazer o bem à humanidade. Sharon diz ainda que, despidos de seus trajes de heróis, estes homens são péssimos exemplos: exploram as mulheres e mostram sua masculinidade com armas poderosas.

Para a psicóloga, o exemplo típico desse novo Super-Herói moderno é o Ironman, ou Homem-de-Ferro.

Segundo ela, a grande diferença dos personagens dos quadrinhos do passado para os atuais super-heróis dos filmes é que os primeiros representavam modelos nos quais os garotos podiam se espelhar – já que, despidos de seus trajes, eles seriam pessoas reais, com problemas reais e vulnerabilidades.

A psicóloga afirma ainda que, na mídia de hoje, só existem duas imagens com as quais os garotos pode se identificar: super-heróis ou vagabundos. De acordo com ela, após uma pesquisa feita com 674 meninos de 4 a 18 anos, a conclusão é a de que a publicidade se aproveita do fato de que jovens precisam moldar sua identidade durante a adolescência. O truque seria então lhes “vender” uma versão limitada de masculinidade.

Para ela, a solução seria ensinar os jovens a se distanciarem dessas imagens e encorajá-los a achar as “mentiras” nelas.

Outros estudos mostram que o interesse que meninos entre 4 e 8 anos têm por super-heróis é determinado por sua necessidade natural de maior poder e controle, nesta fase da vida em que ganha certa autonomia. Seria uma forma de aprender a lidar com esta autonomia, garantindo a auto-sobrevivência. Esta está longe de ser uma questão simples.

Fonte: Info

Significação mítica da telenovela

maio 30th, 2010

por Eloá Muniz

A condição que a televisão tem de comunicar-se pela imagem e de conviver com as pessoas na intimidade de suas casas torna-a um veículo com força de comunicação muito mais através do emocional e do afetivo do que pelo racional. Esta característica facilita o desencadeamento dos processos psicológicos da projeção e da identificação.

O ato de ver televisão é um ritual já tão assimilado culturalmente pela família brasileira, que um novo padrão de comportamento foi criado e desenvolvido a partir do hábito cotidiano de reunirem-se para assistir televisão. Este comportamento da família que se emociona diante da telinha, abrange todas as classes sociais, é um fenômeno que atinge pela emoção, pela vivência dos dramas, mobilizando os membros da família pela identificação da realidade que cada um deles tem escondida intimamente com a realidade mostrada na televisão.

A telenovela herdou um procedimento característico do melodrama que é a cumplicidade, onde o suspense era criado a partir das informações que o espectador tinha da trama da história e que os personagens envolvidos na situação não conheciam. Assim, os segredos das personagens exerciam sob o espectador um forte fascínio. Da mesma forma o telespectador de novelas detém informações e interage com um mundo de fantasias e de poderes fictícios.

A televisão trabalha com dois sistemas básicos de comunicação que passam para sua linguagem os fatos da realidade que pretende transmitir. São os signos e os clichês.

O signo atua em dois lados: na cabeça do telespectador e no produto de comunicação que o telespectador vê, pois o produto é realizado por pessoas que também elaboram os pensamentos como signos. A produção sígnica só tem efeito se realiza essa dualidade de forma plena.

O Clichê é o segundo mecanismo básico da linguagem da televisão. Contrariamente ao signo, em que o telespectador não sente violência das mensagens televisivas porque mantém um escudo contra elas, aqui, ele se entrega à estória, sente emoção, se entristece, chora, sente saudade, vive com a personagem. Ou seja, se na linguagem dos signos ele se separa da emoção, na linguagem dos clichês ele se funde com ela, se entrega a ela. O que distingue essa fusão dos sentimentos reais, das emoções verdadeiras, é seu caráter de clichês, que significa que as tristezas, as dores, as lágrimas relembram inconscientemente ao telespectador momentos emocionalmente fortes de sua vida.

A televisão é ligada sempre a mesma hora, para se assistir aos mesmos gêneros de programas. Ela coloca ordem na vida das pessoas. Uma ordem verticalizada que passa a sincronizar o tempo do telespectador e sua vida passa a ser ordenada simbolicamente pelo veículo. A novela faz parte deste processo de ordenação, quando se apresenta ao público de forma seriada criando um espetáculo polissêmico a cada dia e a cada capítulo. Neste sentido o processo ritual é o encadeamento de discursos e gestos facilmente reconhecidos pelo público que desenrolam num espaço e numa temporalidade próprios distintos, portanto, dos espaços e dos momentos da vida quotidiana.

Mostram o digno e o indigno de imitação, tudo mesclado, de forma esboçada e ambígua, porém sinalizando sempre a significação. A significação do símbolo é o significado. Não dizem o que devem ou não fazer, porém reproduzem o que é feito e pensado, e só a repetição sugere que poderia tratar-se de algo que é correto fazer. A vinculação do orgânico e a ordem sócio-moral se realizam também aqui mediante a ritualização.

Neste aspecto, há que entender como equivalentes à simultaneidade de informações sensacionalistas e a transformação do passado na televisão. A insegurança que resulta de exposição acumulada de delitos através da mídia, desde jornal até o filme policial televisivo, e cuja finalidade é assegurar ao cidadão seus contornos, induz que ele busque segurança em seu passado mítico. O mito, para explicar o presente partindo de um passado, tem acontecido sempre e em todas as épocas, conecta com as experiências primárias sobre o acima e abaixo, dentro e fora, claro e escuro, e opera com ele, como algo viável e estabilizado.

A telenovela, tal como o melodrama, funciona como uma catarse social que substitui a contestação e a reflexão pela anestesia e fascínio que a televisão provoca através da sedução pela imagem esteticamente composta e ritualizada. Assim, a novela elabora uma nova ordem simbólica e apropria-se do tempo e do espaço do telespectador, criando em sua vida quotidiana um vínculo e uma relação comunicacional com o veículo televisão.

O prazer de ser o outro e por alguns momentos ter a ilusão do poder. A novela cria a ilusão e possibilita ao telespectador fundir-se com o personagem e experimentar outra identidade. Tal como os jogos de mimicry, a novela não tem compromisso com a verdade, mas com a verossimilhança, o fingir perfeito. O espelho da realidade, a história contada através dos personagens filtrados pela imagem icônica.

A ritualização, a ordem simbólica estabelecida e a rede fascinam cada vez mais a pessoa e a tornam sempre mais solitária, pois ela deixou de preocupar-se com seus vizinhos e seus amigos, para preocupar-se com os problemas das personagens da televisão. A relação com a televisão é mais fácil, pois ela possui o controle da ação, se estiver incomodando é só desligar. Com a relação humana é diferente, ela é real. A pessoa no mundo moderno vive uma solidão distinta – é uma solidão existencial.

Sedução pela representação icônica da imagem

maio 30th, 2010

por Eloá Muniz

A novela é o gênero televisivo com maior sucesso de audiência no Brasil. Teve sua origem no percurso temporal realizado pelo melodrama desde a pantomima, o teatro falado de feira, o folhetim, a radionovela, o cinema e a telenovela.

A telenovela, tal como o melodrama, funciona como uma catarse social que substitui a contestação e a reflexão pela anestesia e fascínio que a televisão provoca através da sedução pela imagem esteticamente composta e ritualizada. Assim, a novela elabora uma nova ordem simbólica e apropria-se do tempo e do espaço do telespectador, criando em sua vida quotidiana um vínculo e uma relação comunicacional com o veículo televisão.

A televisão fascina as pessoas muito mais que as outras formas de comunicação. Ela introduz uma nova linguagem, que inicialmente seduz o telespectador e depois é incorporada por ele. Desta maneira ela influencia e agrega novos hábitos de recepção e percepção da sociedade e da cultura.

O gênero que mais reflete esta absorção e influencia no público é a novela e, neste momento se estabelece uma contradição importante, o melodrama que surge como uma forma de contestação e dramatização do sofrimento popular, torna-se agora um instrumento da classe dominante para divulgar sua ideologia através dos personagens que são apresentados durante o desenvolvimento do discurso narrativo e da identificação estabelecida entre o público.

Enquanto a vida real transcorre de forma regular, repetitiva, quotidiana, a mente da pessoa, ao contrário, trabalha ansiosa por inovações, melhorias, mudanças de vida. Elas vivem permanentemente em conflito entre esses dois mundos.

O prazer de ser o outro e por alguns momentos ter a ilusão do poder. A novela cria a ilusão e possibilita ao telespectador fundir-se com o personagem e experimentar outra identidade. Tal como os jogos de mimicry, a novela não tem compromisso com a verdade, mas com a verossimilhança, o fingir perfeito. O espelho da realidade, a história contada através dos personagens filtrados pela imagem icônica.

A telenovela como espaço de educação e socialização do consumo feminino

maio 30th, 2010

por Eloá Muniz

Os estudos sobre comportamento vêem o fenômeno da publicidade como um processo de educação e socialização que ensina os cidadãos a consumir, criando mais consumidores.

A publicidade é um braço fundamental da expansão industrial, incentiva a formação de consumidores para os bens, promove novas construções de espaço doméstico e de cuidados pessoais que precisam destes bens para se efetivar. A entrada no mercado consumidor é uma “experiência civilizadora”.

E a televisão parece ser no Brasil o meio ideal para efetuar essa mudança de comportamentos, esse “processo civilizador”. Dessa maneira a mulher é vista como a consumidora por excelência, pois é ela que compra a maior parte dos produtos.

A telenovela tem uma importância considerável na história da TV brasileira e sua própria estrutura narrativa – seriada – é considerada útil a produção e a venda de espaços comerciais, tanto nos intervalos como sob a forma de merchandising.

É indiscutível hoje a associação entre mulher e consumo feita pelo meio publicitário e de marketing. É na esteira dessa associação entre mulher e consumo que a telenovela surge (e se mantém) como um programa especialmente adaptado a vender uma grande variedade de produtos e estilos, dado que o gênero narrativo já era visto como feminino.

Guerra contra o photoshop chega ao Brasil

abril 30th, 2010

por Admir Gomes

Após França e Inglaterra se rebelarem conta a retocagem gráfica na publicidade, o país também começa a buscar o controle sobre as propagandas enganosas. O projeto é do deputado Wladimir Costa (PMDB), que está sendo alvo de estudos por parte da Câmara dos Deputados.

Esse projeto obriga qualquer peça publicitária que tiver sofrido alteração em sua aparência física por photoshop informe que a imagem está retocada.

Se a medida for adotada afetará, além das agências de publicidades, as fotos jornalísticas que utilizam este meio para melhorar a aparência de seus trabalhos na imprensa.

O deputado Wladimir Costa justificou o projeto dizendo que “a publicidade cria pessoas perfeitas de tal modo que o leigo tem dificuldade em perceber que o resultado final não é o original”, e prosseguiu: “assim, são reforçados padrões de beleza que não resultam da real aparência das pessoas, e sim da manipulação de imagem por photoshop”.

Na França e Inglaterra a maior preocupação é com a incessante busca das mulheres pelo corpo perfeito. Legisladores e políticos sustentam que a exposição de modelos de beleza perfeita estaria colaborando para o mal físico, psicológico e social das mulheres européias. Elas estariam em busca de uma massacrante beleza inatingível. Sendo mulheres comuns não devem se devem se espelhar nas modelos de capas de revistas, pois não são reais, são idealizadas pela correção no photoshop. Por esta razão os legisladores querem que os rostos e corpos dos anúncios sejam mais realistas e menos mitificados.

Ambos os países e o Brasil prevêem sanções, uma vez aprovados os projetos.

No Reino Unido há proposta de um parlamentar que prevê a proibição do uso de qualquer recurso de informática para alterar imagens em campanhas destinadas a menores de 16 anos. Ele considera que essa faixa etária é a mais influenciável para a assimilação de ideais de beleza equivocados.

Espantoso crescimento da Internet como mídia

abril 29th, 2010

por Eloá Muniz

A Zenith Optimedia realizou estudo em que a Internet aparece como terceira maior mídia do mundo. Está à frente das revistas e já se aproxima dos jornais.

A rede conquistou em todo o mundo um investimento da ordem de US$ 55 bilhões e, dessa maneira, detêm 12,6% da verba publicitária ficando atrás apenas dos jornais, com 23,1%, e da televisão, com 39,4%. As revistas estão agora em quarto lugar, com 10,3%.

Para 2012 a projeção é atingir o share de 17,1%, a Internet se aproxime dos jornais, que deverão contar com 19,4% dos investimentos. A Zenith também prevê um crescimento do mercado publicitário de 2,2% em 2010 na comparação com 2009, ano que teve uma queda próxima a 10%. A expectativa é que os investimentos cheguem à US$ 456 bilhões em todo o mundo neste ano e que, para os anos seguintes, o mercado cresça mais 4,1% em 2011 e outros 5,3% em 2012.

Se o estudo for dividido por regiões, a América Latina se destaca. Após um ano registrando o crescimento irrisório de 0,4%, 2010 promete uma alta de 9,3%, o que representa a movimentação de cerca de US$ 33 bilhões, com possibilidade de chegar a US$ 38 bi em 2012. A América do Norte é a região que passa por mais dificuldades, e a publicidade dos Estados Unidos deverá fechar com investimentos abaixo de 2009, cerca de 2% menos. O mercado europeu deverá crescer 0,4%, enquanto a Ásia subirá na casa de 5,9%.

Após 18 meses revisando para baixo as expectativas, a empresa apontou, em um estudo anterior, a possibilidade de crescimento mundial de apenas 0,9%, portanto esse é o segundo relatório consecutivo com revisão para cima.

Oficinas de multimídia, estímulo a criatividade

abril 27th, 2010

por Eloá Muniz

Em audiência na Câmara, o presidente da organização não governamental Laboratório Brasileiro de Cultura Digital, Cláudio Prado, disse que é preciso parar de pensar as lan houses como antros de perdição.

As lan houses funcionam como oficinas de multimídia e pode ser um local onde a pessoa aprende a usar a tecnologia pela primeira vez. Elas podem oferecer oficinas, inclusive de multimídia, estimulando a produção de conteúdos digitais. Nesses espaços podem haver troca de conteúdos nos moldes dos antigos cineclubes, com a exibição de filmes pela internet”, argumenta Cláudio Prado.

O presidente da ONG deu como exemplo o site Youtube, que, segundo ele, em apenas cinco anos, tem levado as pessoas a produzir conteúdos específicos para ele e que conta com cerca de um bilhão de acessos por dia. Ele disse que há muitos municípios sem cinema que poderiam utilizar as lan houses nos moldes dos antigos cineclubes. “As lan houses não são um antro de perdição, mas um antro de esperança. São os campinhos de várzea da cultura digital.”

Segundo Claudio, é preocupante a concepção de um dos projetos em tramitação no Congresso, que tratam de novas formas de lazer provenientes de novas tecnologias. “Isso é uma herança histórica [esse tipo de concepção]. Antes eram os fliperamas, e hoje são as lan houses, que abrigam os jogos digitais e que, segundo esse ponto de vista retrógrado, seriam prejudiciais”, disse Prado durante audiência pública da comissão especial que analisa as propostas (PL 4361/04 e apensados).

As novas tecnologias não podem ser tratadas de forma diferenciada como um projeto do senador Eduardo Azeredo, que segue essa linha de criminalizar as novas tecnologias. As lan houses são um espaço interessante para a alfabetização digital. Os jogos são extremamente pedagógicos e que situações inadequadas podem acontecer em qualquer lugar. “As lan houses não podem ser criminalizadas.”

Literatura feminista, um convite a reflexão

abril 27th, 2010

por Eloá Muniz

Ana Paula Fohrmann lançou no dia 06 de abril, na FNAC do Barra Shopping Sul, o romance A Amante do Lobo. O livro nos apresenta uma mulher de 42 anos, independente e professora universitária.

Ela mantém um relacionamento com um homem casado e mais velho até encontrar um jovem estudante que a faz repensar os padrões psicológicos, em que estabeleceu sua relação com o amante.

A história é marcada por influências de caráter psicoexistencialista, na linha francesa, ideias especificamente desenvolvidas por Simone de Beauvoir. A intenção da autora é conduzir o leitor, na forma quase de um diário, a uma reflexão sobre questões ainda tabus no universo do comportamento, tais como dominação e poder – no que se refere à figura masculina – e passividade e masoquismo – no caso da figura feminina. Também nos traz a França, e suas cidades-noir, principalmente seus dias solitários e chuvosos, quando um café, flores e vinho, além da ópera e a companhia de um bom livro, fazem toda a diferença.

Ana Paula Fohrmann tomou como base o livro de contos La Femme Rompue (A Mulher Desiludida), de Simone de Beauvoir e, particularmente, o mesmo conto que deu o nome a essa obra, que enfoca o drama do triângulo amoroso a partir do ponto de vista da esposa. A escritora carioca constrói seu romance da perspectiva da amante, aparentemente independente e bem resolvida internamente.

A sessão de autógrafos foi precedida de um bate-papo literário com a autora; a psicanalista, membro da APPOA, Marieta Madeira Rodrigues, e a Doutora em Literatura Francesa pela USP, Zilá Bernd sobre A mulher contemporânea e os ideais de Simone de Beauvoir.

Quem é Ana Paula Hohrmann

Nasceu em 1971, no Rio de Janeiro. É Bacharel em Direito e Mestre em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Em 2002, mudou-se para a Alemanha, onde se doutorou pela Faculdade de Direito da Ruprecht-Karls Universität Heidelberg, com bolsa de estudos do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). Paralelamente, fez aperfeiçoamento em Curso de Direito Internacional pela Académie de Droit Internacional de La Haye e estágio nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Desde 2008 trabalha como pesquisadora, tradutora e editora jurídica. No final de 2009 concluiu seu Pós-Doutorado pela Universität Heidelberg. A amante do lobo é a sua estreia na Literatura.

O arpejo dos acordes da poesia

abril 20th, 2010

por Joaquim Moncks

Por ser o poema um homem com alma de mulher, o temor e o horizonte da perda estão vívidos logo na próxima esquina. A insegurança aponta o amanhã. Este é o leque que abana o sentir nunca comportado.

Mais que o lugar comum da vida, o verdadeiro poema (com as digitais da dama Poesia) nasce para o futuro, quando o parceiro escolhido ou o de ocasião bebe a primeira taça. Pode nem estar cheia, mas tem de parecer suficiente para o alumbramento.

É preciso ajustar o futuro dentro do inocente chá das cinco. E esperar a madrugada dos dias como uma loba na estepe, uivando ao longe, em solidão.

Quando há fome, a entrega ao ato de amar é tão natural quanto o comer e o beber. O novo, o inusitado na barriguinha do poema, é o nunca dantes revelado, mesmo que seja café com pão ou arroz e feijão.

Sempre vale o brinde à vida curtindo o calor do amanhã.

Fazer o poema é sentir-se dentro dele, compartilhar de sua irreverência amalucada. Copular com ele tantas vezes até o gozo. Antes que o humor se transmude e se esvaia no hálito do que passa.

– Do livro EU MENINO GRANDE, prosa poética; in CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre Prosa e Poesia. Porto Alegre: Alcance, 2008, p. 289.
http://recantodasletras.uol.com.br/prosapoetica/761617

Academia Literária Feminina RS na IV Feira do Livro de Capão da Canoa

abril 7th, 2010

por Berenice Sica Lamas – Psicóloga e escritora

No sábado dia 3 de abril de 2010 um grupo de cinco acadêmicas esteve, a convite, participando de atividades na IV Feira do Livro do município de Capão da Canoa – “Literatura entre o mar e a lagoa”, cujo patrono era Alcy Cheuiche. Estava um lindo dia de calor, a claridade do sol inundando a praia, a praça e seus quiosques e as ruas da cidade. Céu azul. A Feira, organizada em grandes tendas para a ocasião, na Rua Pindorama, recebeu muitos visitantes neste dia, que passeavam entre as barracas coloridas com livros das livrarias e editoras. A área infantil muito enfatizada, crianças presentes.

Uma das acadêmicas – Teniza Spinelli – participou da sessão de autógrafos com sua obra “Museus literários no Brasil: historias, idéias e guias de acervo”, realizada nesta tarde, tendo sido prestigiada pelas demais colegas.

A presidente – Eloá Muniz – compartilhou da mesa redonda com a Academia dos Escritores do Litoral Norte, proferindo uma palestra sobre a ALF, apresentando recortes de sua historia, objetivos e metas, funcionamento, atividades a que se propõe as tradições versus a evolução da entidade, planos para 2010, rumo para se tornar um espaço cultural, acompanhada de um programa de PowerPoint no computador, com fotos e imagens ilustrativas. A palestrante realizou um comparativo entre a visita em 1950 que a então presidente Lidia Moschetti fez a Capão da Canoa então distrito de Osório e a visita atual destas cinco acadêmicas no momento presente – um período de 60 anos entre os dois eventos. Foi bastante importante este conhecimento/divulgação da Academia neste evento cultural, pois se aproxima mais de outras comunidades culturais, desmitificando uma imagem de distancia e fechamento. Foi um momento informal com conversa, perguntas e respostas descontraídas.

Foram doados quase 150 livros editados pela Academia, em pacotes de 5, 4 ou 3 exemplares para o publico presente, e para escolas ou entidades culturais do município. Também algumas acadêmicas trocaram obras pessoais com alguns membros da Academia do Litoral Norte. Deste grupo ocorreram também algumas doações de livros. Houve um intercambio cultural significativo, planos para futuros encontros e saraus. A acolhida a todo nosso grupo foi atenciosa e afetiva, fomos brindadas com camisetas do evento ao final e batidas fotos.

Antes da partida para Porto Alegre, confraternizamos com um café, bate papo agradável, troca de impressões. Forte temporal nos aguardava na free-way. Capão da Canoa está de parabéns, a ALF esta de parabéns. Abraço forte na Literatura.

“Sal da terra, o livro tem gosto de mar” (Alceu Cheuiche, patrono da Feira)