Pré-feminista no Brasil no século XX Carmem da Silva escrevia uma coluna na revista Cláudia, um padrão de informação do país, que vivia sob normas rígidas e tabus, pré-popularização da pílula anticoncepcional, onde era estabelecido que o lugar de mulher era em casa, atendo às vontades de filhos e maridos. Neste cenário é que Carmem vivia escrevia: direito e prazer sem culpa, independência financeira, ambição intelectual, a recusa a dupla moral em que homens podiam tanto e as mulheres tão pouco.
Ela falava para as mulheres de forma contundente e era a estrela da revista feminina que havia recém surgido na carona de um país em transformação, e com o objetivo de falar para “a nova mulher brasileira”. Isto tudo em 1962, quando voltou ao Brasil com 43 anos de idade depois de viver em Montevidéu e Buenos Aires.
Apesar de tudo este trabalho, Carmem da Silva é uma gaúcha pouco lembrada foram das universidades, tanto que o próprio presidente Lula assinou, em 2005, a lei que decreta Rose Marie Muraro “a patrona do feminismo nacional”.
Porém, foi a própria Rose Marie que colocou em pratos limpos a história do feminismo no país: “Carmem foi a primeira feminista do Brasil. Foi minha mestra. As coisas que eu estou descobrindo ela já estava vivendo. Se não fosse ela preparando o terreno, não teríamos conseguindo o que conseguimos”, frisou.
Carmem da Silva morreu em 1985 tendo tomando para si a tarefa de despertar a consciência das mulheres com seus textos provocativos na coluna “Arte de Ser Mulher”, da Revista Cláudia.
A despeito do desconhecimento duas escritoras de renome no Brasil reverenciam Carmem da Silva, Nélida Piñon “Carmem forjou uma consciência feminina e feminista da nova mulher brasileira em uma revista popular. Não tem o reconhecimento devido, mas podemos consertar isso”.
Já Clarah Averbuck, após ler o romance Sangue Sem Dono (1964) se reconheceu na escrita da autora. “Ela é uma das mulheres esquecidas que, além de republicadas, deveriam ter seu lugar na história do feminismo no jornalismo brasileiro lembrado continuamente. Pois ela tinha uma meta que eu tenho: fazer com que a mulher deixe de ser coadjuvante da vida de seu homem, ou dos homens, que seja, e passe a ser protagonista de sua própria. Era esse o legado que a mulheróloga queria deixar”. Disse.