Todos estamos atônitos diante de tantos debates e radicalismos sobre temas que acompanham a história da humanidade.
Nudez, sexo, homossexualidade tentam ser barrados da arte em nome da “moral e dos bons costumes”.
Chegou-se ao ponto de fechar exposições, impedir performances artísticas sob a pífia alegação de crianças se encontrarem em ditos ambientes.
Sequer se cogitou da possibilidade de impedir o ingresso de menores de idade em ditos espaços. Não, a solução foi exigir que as portas fossem fechadas e todos impedidos de ter acesso à exposição.
Certamente isso só ocorre no Brasil, país que não investe na educação exatamente para o povo poder ser massa de manobra e servir aos interesses de quem quer assumir o poder.
Assim, ao invés de armas, são usadas as almas de multidões que acreditam no que lhes é dito de forma raivosa e ameaçadora. Ao invés de fuzis é empunhado um livro apócrifo, escrito há mais de dois mil anos, dando-lhe a interpretação que melhor lhes servem.
Planta-se a falsa ideia de que a família vai acabar, quando todos sabem que isso nunca vai acontecer. Pode mudar a sua conformação, mas não sua essência: espaço de afeto e de cuidado.
Também se ameaça com o inferno a quem não entregar seus bens às igrejas ou templos.
Esta é a forma mais perversa de enriquecimento ilícito. Multidões são induzidas em erro. A exploração do medo da morte faz com que as pessoas paguem para obter a vida eterna.
Com este expediente são amealhadas incalculáveis fortunas, livres de impostos, o que enseja a construção de templos monumentais, a aquisição de meios de comunicação e a formação de uma verdadeira teia de controle social.
A manipulação começa desde a infância. Sob a falaciosa expressão Escola sem Partido se conseguiu banir dos currículos escolares o estudo da sexualidade e das questões de gênero.
Com isso se naturaliza a discriminação e a violência contra a mulher. A chamada “ideologia de gênero” é equivocamente interpretada como uma tentativa de acabar com a diferença entre os sexos e incentivar a homossexualidade.
Assustadoramente este movimento só avança, o que tem permitido que os autoproclamados líderes religiosos se apropriem das instâncias de poder. Já invadiram as casas parlamentares e almejam assumir também o Poder Executivo em todas as suas esferas.
Algo precisa ser feito e agora! A responsabilidade é de cada um de nós.
* Advogada e Vice Presidente Nacional do IBFAM