Lícia Peres*
“Uma vida só é pouco. Com coragem, pode ser muito”. Carlito Maia
10.01.2013. A frase acima, do publicitário e amigo Carlito Maia _ de saudosa memória _, traduz um entendimento sobre os múltiplos caminhos à disposição de cada pessoa para direcionar sua própria existência, levando-se em conta a brevidade da trajetória humana, a nossa inevitável finitude e o potencial transformador que podemos mobilizar para torná-la verdadeiramente plena e digna.
A coragem seria o elemento constitutivo para que nossa presença, traduzida em ações concretas, venha a ser o contraponto da acomodação. Não se deixar levar pelos acontecimentos, não desviar o olhar das injustiças e das atrocidades, nem ceder ao comodismo, “as coisas são como são, é inútil dar murro em ponta de faca”, talvez seja o maior desafio no ano que se inicia. Malala, a adolescente paquistanesa de 15 anos, em outubro, foi vítima do atentado a um ônibus escolar em Mingora, norte do país. Atingida com tiro na cabeça, após alguns dias em estado grave, foi removida para a Inglaterra, onde esteve internada até recentemente, quando recebeu alta.
Trata-se de uma garota, ativista desde os 11 anos, que usava um blog para denunciar a repressão desencadeada pelos fundamentalistas islâmicos contra o direito das meninas de frequentarem a escola. Inconformada contra a injustiça, desafiou o poder talibã e tem hoje, como aliada, parte significativa da comunidade internacional. Campanha, pela internet, defendendo sua indicação para o Prêmio Nobel da Paz já conta com mais de 200 mil assinaturas.
A repercussão mundial, o repúdio à violência obtido em razão da visibilidade do caso, já coloca Malala como vitoriosa e com ela, a sua causa: a defesa do direito das mulheres, sem o qual os direitos não são humanos.
O estupro e brutal assassinato de estudante universitária ocorrido na Índia vem levantando a opinião pública e, pelo visto, tornando-a mais consciente sobre a tradicional complacência da cultura em relação às agressões sexuais contra as mulheres.
A violência doméstica, no Brasil, pela sua proporção, continua representando um dos problemas mais graves a serem enfrentados pelo Estado e pela sociedade.
Que mantenhamos nossos olhos bem abertos e não nos falte a energia e a coragem indispensáveis para não nos rendermos à desesperança.
*Socióloga