por Ana Mello
Essa semana um colega com 48 anos de trabalho resolveu parar de trabalhar, aposentado, optou por desligar-se do quadro de funcionário e curtir a vida a sua maneira. Ficamos todos fazendo contas e vendo quanto tempo mais trabalharíamos, discutindo o que faríamos depois de aposentados.
Em seguida vieram relatos de experiências de amigos de amigos quando se aposentaram. Muitas experiências tristes de pessoas que envelheceram rapidamente, que passavam o dia em casa de pijama só assistindo televisão. Algumas felizes, daqueles que resolveram
aproveitar para viajar ou fazer um curso que desejavam e não tinham tempo, para ler, ficar com os netos, fazer caminhadas diárias ou apenas curtir a vida fazendo o que estavam mesmo com vontade de fazer a cada momento.
Meu colega disse temer pelo seu casamento, pois a esposa poderá não agüentá-lo todos os dias em casa. É possível! Todas as coisas novas precisam de uma fase de adaptação, sem dúvida, mas depois tudo se acomoda, assim espero. Cada um sabe o que é melhor para si, contudo, quem sempre trabalhou a vida toda como dizem, deve se ocupar com alguma
coisas, ter uma rotina de atividades, nada muito estressante. Programar coisas para fazer como um cinema, café com os amigos, compras, visitas, atividade física. É o que pretendo fazer quando decidir me aposentar e escrever muito, ler muito, planos, muitos planos.
Seguidamente no shopping vejo um grupo de aposentados em um bom papo, dando risadas, fazendo lanchinho. No parque também é comum vê-los reunidos na maior farra. Todos homens, as mulheres não tem este hábito, pelo menos eu não tenho visto. Será que elas fazem outras coisas? Cuidam dos netos, quem sabe? Conheço umas que viajam, não param quietas em casa nunca.
Bate uma nostalgia em quem pára de trabalhar e nos que seguem trabalhando, afinal conviver com alguém durante muitos anos e interromper, é um pouco triste. Bom é saber que ele está vivo e com saúde e pode nos visitar sempre que quiser. É inevitável também ficar pensando em como mudamos neste tempo, namoros, casamentos, filhos, problemas compartilhados
e brigas, algumas brigas, passamos mais tempo no trabalho do que em casa e entramos na intimidade das pessoas próximas mesmo sem querer.
Sabemos das cirurgias uns dos outros, das doenças, dos aniversários, do colégio dos filhos, dos namoros, dos parentes. Já houve um tempo que eu achava chato saber de coisas que não me diziam respeito, depois amadureci também e fico feliz quando alguém quer me contar
algo pessoal, demonstrar sua alegria por alguma conquista ou algo assim.
Meu pai tinha uma dica ótima para aposentados e idosos, ele dizia que depois de certa idade temos absoluta obrigação de ficar bonitos e cheirosos e com um sorriso no rosto. Pois velho é que nem bebê, de fralda suja, ninguém quer dar colinho. Uma boa comparação para dizer que quem tem suas chatices e manhas, deve no mínimo tentar causar boa impressão. Certo ou errado eu não sei, mas ele sempre foi muito simpático e querido por todos e é isso que dá sabor a vida, percorrer caminhos, aprender, ser feliz.