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Brasil tem o primeiro portal de Consumo Colaborativo

julho 12th, 2011

O DescolaAí.com possibilita o acesso aos produtos o que evita a necessidade de novas compras e aumenta a vida útil dos objetos.

Quem nunca comprou algo por impulso que acabou encostado em um canto da casa? Ou precisa de um objeto por um curto período de tempo e não vê a necessidade de comprá-lo? O portal DescolaAi.com foi desenvolvido para reunir, de forma segura, quem tem um objeto a emprestar a quem precisa de alguma coisa.

De livros, CDs, até equipamentos esportivos, ferramentas, barracas de camping e outros objetos podem ser disponibilizados ou procurados no primeiro portal brasileiro do gênero. Isso faz com que os produtos possam integrar o banco de dados do site e assim, ser usado por mais pessoas e mais vezes. “Várias vezes compramos coisas que usamos pouco e que acabam até estragando por falta de uso”, comenta o diretor do portal, Gui Brammer. O DescolaAí.com aumenta a vida útil dos produtos.

Ao acessar o portal e se cadastrar, o usuário pode procurar por um objeto que esteja precisando, como uma raquete, por exemplo. O sistema realiza uma busca baseada no CEP (Código de Endereçamento Postal) e identifica a pessoa mais próxima geograficamente que possa emprestá-la.

Assim que a oferta e a demanda são identificadas, o sistema coloca os dois usuários em contato e gera um código de segurança que somente será conhecido por eles, para que se identifiquem. A negociação do valor, o tempo do empréstimo e a entrega serão definidos pelos usuários, nesta etapa do processo.

Para garantir a segurança do dono do objeto que será emprestado, o sistema registra os dados do cartão de crédito do locatário e estipula um valor – que será usado como caução -, para o caso do produto ser devolvido danificado.

Após a devolução, o sistema acusa o fim do empréstimo, libera o pagamento para o dono do produto e solicita – a quem emprestou e a quem tomou emprestado – que pontuem a atuação um do outro, de forma a criar um ranking com os usuários do portal mais confiáveis. “O DescolaAí.com possibilita que os produtos não fiquem parados na casa das pessoas e que elas possam ter lucro com eles”, comenta Brammer.

Depois de um período de testes rigorosos nos sistemas de segurança e pagamento, o portal foi lançado em julho, com a função aluguel (empréstimo remunerado). Em breve, irá contemplar uma plataforma virtual para a realização da troca de produtos entre os usuários cadastrados. Outra iniciativa que está prevista para os próximos meses é a criação de eventos, nos quais os usuários poderão se conhecer pessoalmente e realizar empréstimos ou trocas.

Conceito de Consumo Colaborativo – O DescolaAí.com traz ao Brasil o conceito de Consumo Colaborativo, que estimula que os produtos sejam usados por mais pessoas, aumentando sua vida útil e evitando o uso de novas matérias-primas.

Essa ideia nasceu nos Estados Unidos, nos anos 2000, como uma alternativa ao modelo de consumo excessivo que marcou a sociedade norte-americana nos anos 80. Lá, por exemplo, há mais de 50 milhões de furadeiras no mercado e, em média, cada uma delas é usada em toda a sua vida útil, de 6 a 13 minutos.

A prática do Consumo Colaborativo combina com as atuais demandas da sociedade por ações sustentáveis. Segundo Gui Brammer, quando se empresta um produto, se deixa de comprar um novo e se reduz a extração de novas matérias primas. Além disso, o acesso aos bens também é um benefício social. “Mais que o livro em si, o acesso a ele é o real ganho à população”, completa o executivo.

O DescolaAí.com é gerenciado pela GreenBusiness, empresa liderada por Gui Brammer e especializada em soluções de logística reversa. Entre suas ações, a companhia gerencia a TerraCycle no Brasil.

Para conhecer o site, acesse www.descolaai.com e faça seu cadastro.

Fonte: Maxpress

Ana é mulher de fibra e coragem

julho 12th, 2011

por Silvio Tendler*

Ana não é de desistir no meio da caminhada, logo agora que começa a descobrir as primeiras traições e jogos de interesse pessoais. Tão perto de si, do seu gabinete, dentro do ministério que comanda. Ana já deve ter percebido olhares e sorrisos matreiros que conspiram enquanto afagam.

Muita espuma se faz contra Ana de Hollanda, que está fazendo um trabalho realmente sério à frente de um dos ministérios mais complicados de administrar.

Já ocupei o cargo de Secretário de Cultura de Brasília durante a administração Cristovam Buarque de Hollanda e sei o quanto é difícil administrar artistas e seus egos. E Ana está apagando incêndios, à frente de uma gestão herdeira de uma dívida de mais de 600 milhões de reais e em face a um contingenciamento de verbas que tolhe as ações do ministério.

A briga em torno do tal do Creative Commons é assunto de lobista. Os Creative Commons não oferecem nada mais que os copyrights e quem ganha com essa briga são advogados e seus contratos milionários. Quando se trata de copyright X copyleft aí a coisa muda de figura, pois discutimos direitos versus liberação total. Os mecanismos de liberação parcial de direitos oferecidos pelo Creative Commons também existem nocCopyright na medida em que o autor faz o que bem quiser com sua obra. Tudo não passa de demagogia para vender balangandãs para índios colonizados. Basta colocar na documentação do ministério “livre para reprodução desde que citada a fonte” e ponto, menos um problema para resolver.

Quanto ao cinema, a ministra tem acertado e nossa relação hoje com a Ancine melhorou muito com a chegada da Ana de Hollanda.

Falta nas outras áreas uma agenda positiva e propositiva que coloque a estrutura do ministério em marcha. Os secretários que se manifestem e apresentem seus programas de ação já!

Quem foi o gênio que aconselhou a ministra a receber diárias desnecessárias enquanto permanecia o final de semana no Rio de janeiro, em sua casa, aguardando o trabalho na segunda feira? Isso não é assunto para ministro. Quem aconselhou ao erro deveria apresentar-se como o responsável pela bobagem que a fragilizou.

Continuo solidário a Ana de Hollanda e tenho certeza que ela superará essa crise.

* Documentarista, diretor de Anos JK, Jango e Utopia e Barbárie, entre outros clássicos do cinema brasileiro.

Abandono infantil, fenômeno com gênero

julho 12th, 2011

Helda Martinez*

Tem 20 anos e não sabe quem são seus pais nem se tem irmãos. Aos três anos, Mariana foi entregue na Colômbia a uma família camponesa da qual fugiu aos 14. Perambulou por uma semana, até que a polícia a enviou a um centro de proteção do Estado.

Agora, maior de idade, faz terapia psicológica, trabalha e estuda Administração, “porque no futuro criarei uma instituição de proteção a meninos e meninas abandonados e abusados”, afirmou, com convicção, à IPS.

Mariana, nome fictício que a jovem pediu para usar a fim de preservar sua identidade, conhece bem tudo isso, porque sofreu abuso quando criança. “Tinha sete anos. Eu contava para uma senhora que cuidava de mim, e ela não acreditava”, revelou.

Segundo contaram, ela foi abandonada devido à pobreza dos pais, naturais do departamento de Boyacá, que a deixaram em uma localidade rural perto de Bogotá.

Essa costuma ser a causa comum do abandono infantil, à qual se somam a ignorância, a falta de consciência sobre planejamento familiar e da responsabilidade que representam os filhos, a cultura machista e a violência em suas múltiplas expressões.

Séculos em guerra e quase cinco décadas do atual conflito interno também afetam de maneira especial a sociedade colombiana, vítima de deslocamentos forçados e do consequente desmembramento familiar, de mortes violentas ou de recrutamentos pelos diferentes grupos armados.

No caso das mulheres, soma-se sua utilização como arma ou recompensa de guerra, o que as leva a serem violentadas por membros de todos os grupos que participam do conflito.

Uma situação que motivou, nas duas últimas décadas, pronunciamentos do Tribunal Constitucional colombiano, acompanhamentos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e decisões do Tribunal Interamericano de Direitos Humanos.

Por trás do mapa de abandono há um número obtido pela organização não governamental Educação para a Saúde Reprodutiva com base em um estudo de 2007: na Colômbia, 56% das gestações são indesejadas.

A isso devem ser acrescentados mais dois: em 2009 havia no país 61 mil menores de ambos os sexos acolhidos pelo Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, que calculou que, além disso, outras 30 mil crianças desamparadas estão nas ruas, em um país com 45,6 milhões de habitantes, 37% deles com menos de 18 anos, segundo dados oficiais.

A esses dois grupos devem ser somados entre seis mil e 11 mil menores, de ambos os sexos, recrutados ilegalmente, de acordo com números que variam segundo as fontes.

“É uma realidade que nos converte em um dos povos mais raivosos do mundo”, disse à IPS o psiquiatra Francisco Cobos, autor de dois livros que se converteram em referência sobre o fenômeno, “Estratégia para uma luta contra o abandono: modelo de atenção integral à criança de rua” e “Psiquiatria da criança, do adolescente e da família”.

“Por quê? Porque a raiva é um sentimento que corresponde à perda de algo que nos é importante. O abandono é perda. Causa raiva, distanciamentos e novos abandonos, em um círculo que não se rompe. Que se sustenta na falta de afeto”, explicou o especialista.

Esta situação atual se cruza, para alguns estudiosos, com a época anterior à chegada de Cristóvão Colombo e dos espanhois à América. “As sociedades indígenas davam mais valor aos meninos, futuros guerreiros”, disse o pediatra e professor de antropologia médica Hugo Sotomayor.

Recorda, nesse sentido, que na fase pré-colombiana entre os povos assentados no atual território colombiano havia “práticas como o infanticídio de meninas até o nascimento de um menino”.

“Ao confrontar o valor que os indígenas davam ao nascimento de meninos com as práticas e crenças espanholas, há semelhanças evidentes”, constata Hugo em publicações da Academia Nacional de Medicina.

“A Casa de Crianças Enjeitadas de Santa Fé de Bogotá informa que (já em 1642) mais meninas eram abandonadas”, comentou o pediatra.

Trata-se de uma história de séculos de vexames contra as mulheres, que teria começado a se romper paulatinamente e de modo silencioso desde meados do Século 20, afirmou Francisco. “É uma revolução que avança quase sem percebermos”, declarou.

“Em meio às dificuldades que continuam enfrentando, as mulheres se apoderam do mundo de uma maneira real, por sua natureza e manejo de sentimentos que nós não conseguimos”, disse.

É a razão, segundo Francisco, para que, “apesar de os maus-tratos deixarem nelas sequelas, medos e dificuldades de relacionamento, também superem as situações difíceis com mais facilidade do que os homens”.

Baseou sua apreciação no que não duvidou em definir como “vulnerabilidade masculina”, agora escondida em expressões machistas, que deixam profundas solidões. “Seres distantes, crianças adultas com pais ausentes”, afirmou.

Explicou, como exemplo, que “se um jovem perde um olho em uma briga, tem mais dificuldade de superar o trauma do que uma mulher diante de uma complexidade. Ele sente a derrota, que reduziu sua macheza”, afirmou Francisco.

É um conjunto de realidades frente às quais, enfatizou o psiquiatra, só a educação dos adultos, para promover mudanças profundas em seus comportamentos com menores, romperia os círculos de abandono e abuso, evidentes em todos os segmentos sociais e que têm muitas expressões, incluída a “dos pais que trabalham muito e deixam os filhos sozinhos”.
Francisco ressalta, ainda, que “a legislação por si só não serve” e que “os órgãos estatais de proteção, que têm sobretudo caráter político, não motivam mudanças reais”.

As opiniões do médico explicam porque Mariana se propõe a criar uma fundação como seu principal objetivo, conseguir qualificações altas na universidade e ter a certeza de sentir-se “uma mulher nova” como resultado da terapia psicológica.
Está convencida de que as meninas sofrem mais o abandono do que os meninos, embora especialistas como Francisco afirmem que “na primeira infância meninos e meninas são igualmente afetados”, e mais adiante processem a situação de maneira diferenciada.

Depois do que viu e viveu, Mariana acredita que “nós somos mais delicadas”. E acrescentou, como que para si mesma: “é triste não ter uma mãe que nos ensine o que fazer quando chega a menstruação, ou como nos proteger de homens que abusam”.

*IPS/Envolverde

A vida melhora

julho 12th, 2011

Vinte milhões de pessoas alcançaram renda familiar de R$ 1,1 mil, nos últimos dois anos, elevando a população nessa faixa de rendimento. Número de pobres caiu de 93 milhões para 73 milhões

Os economistas adoram discutir os grandes números da economia, o PIB, o nível de emprego e de investimento, juros, dívida, o sobe e desce das bolsas. Mas a melhor tradução para o especial momento da economia brasileira pode muito bem vir de uma pesquisa divulgada ontem pela Cetelem, financeira do banco francês BNP Paribas. Ela sugere que, em dois anos, 20 milhões de pessoas deixaram os estratos mais pobres e passaram para a classe média. Classe média brasileira, com renda familiar ao redor dos R$ 1,1 mil mensal, mas ainda assim um impulso que praticamente dobrou o rendimento disponível.

“Pode-se afirmar que o bem-estar da sociedade brasileira passa por uma pequena revolução”, diz o estudo encomendado pela Cetelem. Entre 2005 e 2007, a população aumentou de 184 milhões para 187,2 milhões. Mas o ritmo de crescimento da classe C foi bem maior, de 62,7 milhões para 86,2 milhões no mesmo período – passou de 34% para 46% dos brasileiros. Enquanto isso, a classe D/E encolheu de quase 93 milhões de pessoas para 73 milhões.

Mobilidade
“O outro lado da moeda é o decréscimo de também 12 pontos percentuais da proporção de pessoas que formam as classes D/E: era de 51%, em 2005, e atingiu 39%, em 2007. É importante ressaltar que o número de pessoas que passou de D/E para C teve um aumento de renda média mensal de R$ 580 para R$ 1,1 mil”, diz a pesquisa Observador 2008, que traça o perfil do consumidor e dos lares do país.

“A migração entre as classes significa um aumento na qualidade de vida e a análise dos últimos anos mostra a consolidação de uma tendência. Em 2006, tínhamos medo de que o crescimento fosse apenas pontual, por conta das eleições, mas agora vimos que é contínuo”, avalia o diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez.

Na prática, vários sinais indicam a emergência da classe média no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep), a classe C é o segmento que mais cresce e já representa 43% da renda disponível para consumo no país. “As pessoas estão migrando da classe D para a C e aí há uma demanda crescente”, disse, no final de fevereiro, o diretor-presidente da Natura, Alessandro Carlucci, ao justificar as mudanças na empresa para focar os segmentos de menor renda.

A Positivo, líder do comércio de computadores no país, comemorou 1,38 milhão de máquinas vendidas no ano passado apontando para a classe C como responsável pelo boom no consumo. Ainda em 2007, 37% dos internautas brasileiros estavam nessa faixa de renda, mas devem chegar a 40% este ano e são os principais responsáveis pelo aumento de vendas na rede – relatório recente da consultoria E-bit mostrou que a maior parte dos 2,5 milhões de novos compradores pela internet são da classe C. E 70% dessa faixa de rendimentos já possui pelo menos um celular (eram 59% em 2006).

Consumidores mais exigentes
Renda e crédito em alta aguçam o desejo de consumo. A pesquisa Observador 2008, encomendada pela financeira Cetelem ao instituto Ipsos, sugere que a classe média quer adquirir produtos semelhantes àqueles listados pelos mais ricos.
Para o diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez, ao entrar na classe C o consumidor passa a ser mais exigente na hora de comprar produtos e serviços. “Vemos um aumento da exigência do consumidor em termos de produtos e serviços. Antes, a pessoa queria apenas uma TV. Hoje, ela quer uma TV de tela plana”, explica.

Segundo a pesquisa do ano passado, os maiores crescimentos na intenção de compra de bens foram para móveis, eletrodomésticos, lazer/viagem, TV, Hi-fi e vídeo, telefone celular e computador para casa. Foram sete de 12 itens analisados. Em 2007, desses seis itens, três mantiveram-se em trajetória de crescimento: passou de 19% para 24% a intenção de compra de telefone celular; computador para casa subiu de 17% para 20% no último ano; e decoração foi de 16% para 18%. A intenção de adquirir uma propriedade também continua em uma trajetória de alta, saindo de 10% para 11% e agora em 2007, 13%.

Mas se esse é o cenário geral, a pesquisa mostra que a intenção de compra da classe C cresceu por dois anos consecutivos de forma semelhante às classes A/B, com o desejo concentrado em eletrodomésticos, telefone celular, computador para casa, decoração e propriedades. “Destaca-se a intenção de consumo de propriedades, que saiu de 10% em 2005, pulou para 14% em 2006 e agora atinge o recorde de 16% com acesso ao crédito facilitado. Nunca a classe C quis adquirir tanto um imóvel como hoje”, diz o estudo.

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2008/03/classe-c-maioria.html
Fonte: Helena Sthephanowitz

Diversidade: a parede de pedras

março 30th, 2011

por Samuel de Freitas Júnior*

A valorização da pluralidade torna a empresa mais preparada a enfrentar as mudanças.

A palavra diversidade, dentre outros significados, representa idéia de pluralidade, multiplicidade, diferentes ângulos de visão ou de abordagem, heterogeneidade, variedade, tolerância e convivência mútua. Tal significado também pode ser transcrito para o mundo corporativo.

Embora o tema a primeira vista pareça ser uma necessidade decorrente da responsabilidade social, mais do que ser eticamente correta, para a empresa, a valorização da pluralidade da força de trabalho a torna mais preparada a enfrentar a variedade de situações impostas pelas rápidas mudanças no comportamento de seus consumidores, da contínua renovação do mercado e das oscilações econômicas do mundo atual.

A fim de dar significância ao tema, trago uma metáfora, que em minha opinião é uma das melhores traduções do tema diversidade para o mercado profissional, extraída do um livro Made in Japan, de 1986, escrito pelo então presidente Akio Morita, que em compara a gestão de pessoas nas empresas japonesas e as americanas daquela época.

Segundo o autor, as companhias americanas parecem estruturas do tipo paredes de tijolos, ao passo que as japonesas são de pedra. As primeiras, que podem ser comparadas a muitas firmas brasileiras de hoje em dia, a partir de um plano de negócios traçado, após definirem os limites para cada operação iniciam a procura para pessoas que se ajustem ao modelo. Caso um determinado candidato seja super ou pouco qualificado para a posição, automaticamente é descartado, de modo que, diz o autor, “essa estrutura é como uma parede de tijolos: a forma de cada empregado deve se ajustar perfeitamente ao conjunto, do contrário, não serve”.

Já no Japão, continua Morita, os candidatos talentosos são contratados, e, à medida que suas habilidades são identificadas, as empresas encontram a melhor forma de aproveitá-los. As pessoas são consideradas pedras brutas, e os gerentes têm a missão de observá-las e “construir uma parede que combine todos os elementos da melhor maneira possível, da mesma forma que um pedreiro constrói uma parede de pedras. As pedras, às vezes, são redondas, quadradas, longas, grandes ou pequenas, mas, de alguma maneira, a gerência tem que encaixá-las bem”.

Como é do conhecimento popular, uma parede de pedras, além de ser mais resistente que uma parede de tijolos, é de melhor adaptabilidade a qualquer tipo de terreno. Por este motivo, seguindo a comparação do ex-presidente da Sony, à medida que os negócios mudam, as pedras são recolocadas em posições diferentes, tanto que o grau dos gerentes e trabalhadores se tornou uma marca registrada nas empresas japonesas.

As empresas devem sempre buscar os melhores profissionais, e encontrar a melhor forma de aproveitá-los, sem, no entanto, simplificar seus objetivos em prol da diversidade. No mundo corporativo de hoje, diversidade, antes de tudo, é sinônimo de qualidade, produtividade e sustentabilidade.

* Mestre em economia pela Universidade Católica de Brasília e gerente de Produto da Área Internacional da Caixa Econômica Federal

Fonte: HSM Online

O poder de compra dos evangélicos

janeiro 31st, 2011

Os evangélicos movimentam R$ 1 bilhão por ano no mercado de produtos. Os evangélicos consomem produtos – e bem. O Ibope mostra dados de uma pesquisa em que os hábitos de compras desse público são apresentados: 75% têm imóvel próprio, 79% desejam comprar roupa esporte e 68% quer adquirir trajes sociais.

O segmento cristão movimenta em torno de R$ 1 bilhão em produtos por ano. E os investidores não são apenas do Brasil. Para o presidente da EBF Comunicações, Eduardo Berzin Filho, o comportamento do consumidor cristão está mudando com tempo. Ele está mais exigente e busca marcas de qualidade. “As empresas estão descobrindo o potencial de se investir no segmento cristão. É um segmento fiel e atento para o consumo de bons produtos”.

Berzin destaca que empresas como Sony, Som Livre, Ediouro e EMI estão entre aquelas que investem nesse público. Para ele, até 2020 essas pessoas representarão 50% da população brasileira.

Para as marcas interessadas no público, vale a pena conferir mais dados do Ibope. Do total dos entrevistados, 66% eram homens com a idade média de 34 anos. Em relação à classe social, 56% pertencem as classes B e 32% a C. Das lideranças evangélicas, 70% responderam que têm carro e 40% querem adquirir nos próximos seis meses uma TV LCD, de plasma ou LED.

No item bens e serviços, 19% dos evangélicos de um modo geral pretendem adquirir celular. E também TV por assinatura (21%) e computador (22%). Mais: 58% possuem cartão de crédito e 50% contam com plano de saúde.

Dos entrevistados, 86% frequentam a igreja entre sete e seis vezes no mês. Eles vão a restaurante uma vez por semana (27%) e não freqüentam estádio de futebol (82%). Por outro lado, a música é o instrumento de identificação do grupo: 98% ouvem música com frequência. Além disso, 73% compram livros mensalmente.

A pesquisa mostra também que 73% assistem programas religiosos regularmente. Dos líderes religiosos que comandam essas atrações, Silas Malafaia têm 49% da preferência. R.R Soares vem em segundo, com 38%.

Fonte: m&m on line

Aposentadoria

outubro 17th, 2010

por Ana Mello

Essa semana um colega com 48 anos de trabalho resolveu parar de trabalhar, aposentado, optou por desligar-se do quadro de funcionário e curtir a vida a sua maneira. Ficamos todos fazendo contas e vendo quanto tempo mais trabalharíamos, discutindo o que faríamos depois de aposentados.

Em seguida vieram relatos de experiências de amigos de amigos quando se aposentaram. Muitas experiências tristes de pessoas que envelheceram rapidamente, que passavam o dia em casa de pijama só assistindo televisão. Algumas felizes, daqueles que resolveram
aproveitar para viajar ou fazer um curso que desejavam e não tinham tempo, para ler, ficar com os netos, fazer caminhadas diárias ou apenas curtir a vida fazendo o que estavam mesmo com vontade de fazer a cada momento.

Meu colega disse temer pelo seu casamento, pois a esposa poderá não agüentá-lo todos os dias em casa. É possível! Todas as coisas novas precisam de uma fase de adaptação, sem dúvida, mas depois tudo se acomoda, assim espero. Cada um sabe o que é melhor para si, contudo, quem sempre trabalhou a vida toda como dizem, deve se ocupar com alguma
coisas, ter uma rotina de atividades, nada muito estressante. Programar coisas para fazer como um cinema, café com os amigos, compras, visitas, atividade física. É o que pretendo fazer quando decidir me aposentar e escrever muito, ler muito, planos, muitos planos.

Seguidamente no shopping vejo um grupo de aposentados em um bom papo, dando risadas, fazendo lanchinho. No parque também é comum vê-los reunidos na maior farra. Todos homens, as mulheres não tem este hábito, pelo menos eu não tenho visto. Será que elas fazem outras coisas? Cuidam dos netos, quem sabe? Conheço umas que viajam, não param quietas em casa nunca.

Bate uma nostalgia em quem pára de trabalhar e nos que seguem trabalhando, afinal conviver com alguém durante muitos anos e interromper, é um pouco triste. Bom é saber que ele está vivo e com saúde e pode nos visitar sempre que quiser. É inevitável também ficar pensando em como mudamos neste tempo, namoros, casamentos, filhos, problemas compartilhados
e brigas, algumas brigas, passamos mais tempo no trabalho do que em casa e entramos na intimidade das pessoas próximas mesmo sem querer.

Sabemos das cirurgias uns dos outros, das doenças, dos aniversários, do colégio dos filhos, dos namoros, dos parentes. Já houve um tempo que eu achava chato saber de coisas que não me diziam respeito, depois amadureci também e fico feliz quando alguém quer me contar
algo pessoal, demonstrar sua alegria por alguma conquista ou algo assim.

Meu pai tinha uma dica ótima para aposentados e idosos, ele dizia que depois de certa idade temos absoluta obrigação de ficar bonitos e cheirosos e com um sorriso no rosto. Pois velho é que nem bebê, de fralda suja, ninguém quer dar colinho. Uma boa comparação para dizer que quem tem suas chatices e manhas, deve no mínimo tentar causar boa impressão. Certo ou errado eu não sei, mas ele sempre foi muito simpático e querido por todos e é isso que dá sabor a vida, percorrer caminhos, aprender, ser feliz.

Repulsa ao sexo

setembro 20th, 2010

por Maria Rita Kehl

Entre os três candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas, não sabemos a verdadeira posição de Dilma e de Serra. Declaram-se contrários para não mexer num vespeiro que pode lhes custar votos. Marina, evangélica, talvez diga a verdade. Sua posição é tão conservadora nesse aspecto quanto em relação às pesquisas com transgênicos ou células-tronco.

Mas o debate sobre a descriminalização do aborto não pode ser pautado pela corrida eleitoral.

Algumas considerações desinteressadas são necessárias, ainda que dolorosas. A começar pelo óbvio: não se trata de ser a favor do aborto. Ninguém é. O aborto é sempre a última saída para uma gravidez indesejada. Não é política de controle de natalidade. Não é curtição de adolescentes irresponsáveis, embora algumas vezes possa resultar disso. É uma escolha dramática para a mulher que engravida e se vê sem condições, psíquicas ou materiais, de assumir a maternidade. Se nenhuma mulher passa impune por uma decisão dessas, a culpa e a dor que ela sente com certeza são agravadas pela criminalização do procedimento.

O tom acusador dos que se opõem à legalização impede que a sociedade brasileira crie alternativas éticas para que os casais possam ponderar melhor antes, e conviver depois, da decisão de interromper uma gestação indesejada ou impossível de ser levada a termo. Além da perda à qual mulher nenhuma é indiferente, além do luto inevitável, as jovens grávidas que pensam em abortar são levadas a arcar com a pesada acusação de assassinato. O drama da gravidez indesejada é agravado pela ilegalidade, a maldade dos moralistas e a incompreensão geral. Ora, as razões que as levam a cogitar, ou praticar, um aborto, raramente são levianas. São situações de abandono por parte de um namorado, marido ou amante, que às vezes desaparecem sem nem saber que a moça engravidou. Situações de pobreza e falta de perspectivas para constituir uma família ou aumentar ainda mais a prole já numerosa. O debate envolve políticas de saúde pública para as classes pobres. Da classe média para cima, as moças pagam caro para abortar em clínicas particulares, sem que seu drama seja discutido pelo padre e o juiz nas páginas dos jornais.

O ponto, então, não é ser a favor do aborto. É ser contra sua criminalização. Por pressões da CNBB, o ministro Paulo Vannuchi precisou excluir o direito ao aborto do recente Plano Nacional de Direitos Humanos. Mas mesmo entre católicos não há pleno consenso. O corajoso grupo das “Católicas pelo direito de decidir” reflete e discute a sério as questões éticas que o aborto envolve.

O argumento da Igreja é a defesa intransigente da vida humana. Pois bem: ninguém nega que o feto, desde a concepção, seja uma forma de vida. Mas a partir de quantos meses passa a ser considerado uma vida humana? Se não existe um critério científico decisivo, sugiro que examinemos as práticas correntes nas sociedades modernas. Afinal, o conceito de humano mudou muitas vezes ao longo da história. Data de 1537 a bula papal que declarava que os índios do Novo Continente eram humanos, não bestas; o debate, que versava sobre o direito a escravizar-se índios e negros, estendeu-se até o século 17.

A modernidade ampliou enormemente os direitos da vida humana, ao declarar que todos devem ter as mesmas chances e os mesmos direitos de pertencer à comunidade desigual, mas universal, dos homens.

No entanto, as práticas que confirmam o direito a ser reconhecido como humano nunca incluíram o feto. Sua humanidade não tem sido contemplada por nenhum dos rituais simbólicos que identificam a vida biológica à espécie. Vejamos: os fetos perdidos por abortos espontâneos não são batizados. A Igreja não exige isso. Também não são enterrados. Sua curta existência não é imortalizada numa sepultura – modo como quase todas as culturas humanas atestam a passagem de seus semelhantes pelo reino desse mundo. Os fetos não são incluídos em nenhum dos rituais, religiosos ou leigos, que registram a existência de mais uma vida humana entre os vivos.

A ambiguidade da Igreja que se diz defensora da vida se revela na condenação ao uso da camisinha mesmo diante do risco de contágio pelo HIV, que ainda mata milhões de pessoas no mundo. A África, último continente de maioria católica, paupérrimo (et pour cause…), tem 60% de sua população infectada pelo HIV. O que diz o papa? Que não façam sexo. A favor da vida e contra o sexo – pena de morte para os pecadores contaminados.

Ou talvez esta não seja uma condenação ao sexo: só à recente liberdade sexual das mulheres.

Enquanto a dupla moral favoreceu a libertinagem dos bons cavalheiros cristãos, tudo bem. Mas a liberdade sexual das mulheres, pior, das mães – este é o ponto! – é inadmissível. Em mais de um debate público escutei o argumento de conservadores linha-dura, de que a mulher que faz sexo sem planejar filhos tem que aguentar as consequências. Eis a face cruel da criminalização do aborto: trata-se de fazer, do filho, o castigo da mãe pecadora. Cai a máscara que escondia a repulsa ao sexo: não se está brigando em defesa da vida, ou da criança (que, em caso de fetos com malformações graves, não chegarão a viver poucas semanas). A obrigação de levar a termo a gravidez indesejada não é mais que um modo de castigar a mulher que desnaturalizou o sexo, ao separar seu prazer sexual da missão de procriar.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

O falso feminismo de silicone

agosto 31st, 2010

por Sergio Domingues

É costume dizer que o feminismo está morto. As mulheres teriam conquistado seu lugar ao sol. É maioria entre os trabalhadores, consumidores e eleitores. Há mulheres no parlamento e nos governos. Podem ser vista à frente de grandes empresas.

Quase tudo nessas afirmações é aparência. As mulheres são maioria no mercado de trabalho, mas de forma desigual. A maior parte dos postos de direção e gerência é ocupada por homens. Assim mesmo, os salários são sempre menores para elas.

No Congresso Nacional, parlamentos em geral e governos a visibilidade acontece exatamente porque a presença feminina continua rara. Nada rara é sua exposição como objetos em tudo isso. “Elas enfeitam o cenário”, dizem os machistas, que continuam na direção do espetáculo.
Não à toa o Brasil é um dos líderes mundiais em cirurgias plásticas.

Cerca de 70% delas são de caráter estético. Mais de 80% feitas em mulheres. Nos Estados Unidos e Europa, começa a fazer sucesso a labioplastia. Uma intervenção cirúrgica nos lábios vaginais. Grande parte delas nada tem a ver com correções necessárias à saúde.

É o novo machismo travestido de feminismo. Beleza e sensualidade seriam direitos conquistados pelas “mulheres emancipadas”. Além de cuidar da casa, dos filhos e ser competente na profissão, elas também têm que atender exigências impostas pelo mercado erótico.

Se isso pode ser massacrante para quem tem algum dinheiro, imagine para a grande maioria. Aquelas que mal conseguem comprar roupas novas.

Mulheres que denunciam essa situação são consideradas amargas, ressentidas, chatas. “Deixem disso” dizem os meios de comunicação. “Corram para os cirurgiões, cabeleireiros e liquidações. Rendam-se ao silicone e às próteses”. É o machismo cirurgicamente renovado pelos poderosos.

Princesas cor-de-rosa

agosto 31st, 2010

*Mirian Goldenberg

O rosa, imposto desde o berço, simbolizaria o culto da aparência no lugar da
inteligência?

A MONOCROMIA impera nas roupas e nos brinquedos das meninas. Basta observar em parques, praias, shoppings, escolas: o cor-de-rosa reina no universo infantil feminino.

O rosa não é só a cor das Barbies, mas também de vestidos, camisetas, biquínis, mochilas, sapatos, pulseiras, bicicletas, cadernos, lençóis, fantasias de princesa etc.

Enquanto as meninas estão de rosa da cabeça aos pés, os meninos vestem azul, verde, amarelo, vermelho, preto, cinza, laranja, branco e, até, algumas vezes, rosa.

Eles não são apenas mais livres no uso de cores, mas correm, brincam, gritam, jogam, se sujam e se machucam muito mais do que elas.

No comércio há uma invasão, nunca vista anteriormente, de produtos cor-de-rosa. Muitas mães afirmam que há uma ditadura do rosa, que as filhas acabam ficando viciadas nessa cor. Não há escolha para as que gostariam de mais diversidade.

No blog PinkStinks, duas mães inglesas declararam guerra ao que chamam de “pinkification” das meninas: a onipresença da cor rosa.

Elas acreditam que o fenômeno vai muito além da cor.

Dizem que a cultura do rosa, imposta às meninas desde o berço, é baseada no culto da beleza, do corpo, da aparência, da magreza, em detrimento da inteligência.

Apesar de parecer inofensivo, dizem, o rosa simboliza a cultura da celebridade, fama, riqueza e da obsessão pela imagem, que aprisiona e limita as aspirações das meninas sobre o que podem ser e realizar quando se tornarem mulheres.

O rosa, para elas, representa um retrocesso, o retorno de um modelo feminino que parecia ter sido abolido nos anos 1970 pelas mulheres que desejavam ser livres, independentes, fortes, poderosas, sexualmente ativas e donas do próprio corpo.

A comparação entre as cores e as brincadeiras de meninos e meninas sugere que faltará a elas, quando adultas, algo fundamental: liberdade.

Liberdade que, na minha pesquisa com cariocas das classes médias, elas afirmam invejar nos homens. Já eles dizem não invejar absolutamente nada nas mulheres.

Se a roupa fala da nossa cultura, o que o rosa diz sobre as futuras mulheres? Estaria falando de uma cultura que associa mulher a delicadeza, doçura, sensibilidade, inocência, fragilidade, fraqueza, passividade, inferioridade, submissão? De mulheres infantis e dependentes, que precisam da proteção de príncipes? Da dominação que transforma garotas superpoderosas em princesas cor-de-rosa?

*Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.