letras palavras dicionários vários
do grego parabolé, palavra
leituras, muitas, poetas escritoras
ideias doces corrosivas ironia humor
misérias tragédias alegrias júbilos humanos
drama trama nó clímax desfecho
pimenta mostarda cebolinha verde
impactofinal personagens construções
fiapos restos diurnos noturnos
monólogos fluxos que jorram
diálogos focos narrativos salsinha
limão molho inglês vinho do porto
metáforas símbolos rimas brancas
subjetividade criador e criatura
louro alho cominho tomilho
vírgulas pontos reticências
travessões aspas itálico
dois pontos pode ser um up
olhos de escutar ouvidos de enxergar
paladar olfato tato temperatura
máscaras espelhos emoções coentro gengibre
noites luminosas dias trevosos
chocolate sorvete raiz forte
afogue o superego, não critique
abandone censuras prévias
mexa o caldeirão do inconsciente
arquétipos anima animus arcanos personas
frase fato versão imagem entrelinhas borrões
desvista-se como cebola, às vezes dói
arqueologia que descasca camada
após camada da psique, o demasiado humano
açafrão manteiga alecrim
afeto libido pulsão adrenalina
orégano cerejas serotonina até altas horas
deslocar inverter suprimir condensar sublimar
manjericão conhaque amendoim
não receie perder o rumo
até mesmo a consciência,
não-revele desvele transborde
depois corte enxugue lapide
música velas incenso podem ajudar
silêncio solidão essenciais
anotações rabiscos lembretes noz moscada
Anaïs Nin adverte: a escritura feminina nasce
das ‘células uterinas da mente’, sangue-leite
azeitona baunilha pepininho
diferenças semelhanças cores formas
febre estranho fantástico, o duplo
polaridades contrários dicotomias
devaneios rêverie cenourinha
inquietação desassossego
sensibilidade audácia transgressão
hortelã nozes picadas chantilly
inspiração técnica, domínio do idioma
fantasia imaginação ativa criadora
realidade mentira verdade reflexão
ervas alcaparras cravo e canela
adjetivos, advérbios, conetivos, vá com calma
alerta com obviedades clichês banalizações
verbo e substantivo: ouro da criação!
conte relate narre polvilhe cronique poetize erotize
menta páprica gomos de laranja cogumelos
deixe em banho-maria no computer
por uns tempos, releitura
não explique nunca: a leitura é do leitor
e não se surpreenda: o mistério da
criação não se desvela jamais
literatura é doação de amor jouissance
fermento passas sálvia amêndoas
(im)possível receita.
Berenice Sica Lamas – Psicóloga poeta escritora