por Ivanise Mantovani*
Levantei-me naquela manhã com dor de cabeça e me sentindo febril.
Caminhava pela calçada quando ouvi uma voz débil dizer: – Gosto mais das flores pequeninas.
Mas de onde vinha a voz? Não havia ninguém!
No jardim bem tratado deparei com parte de uma bengala prateada. Meus olhos curiosos atravessaram cerca e folhagens e lá estava uma senhorinha de idade avançada. Debruçava-se sobre um canteiro. Sorria, não para mim.
Acompanhei seu olhar e vi uma borboleta que, de tão deslumbrante, parecia vestida para uma festa. Pairava sobre as flores, asas irrequietas.
Atenta, pretendi ouvir mais.
Logo percebi que as duas trocavam segredos feitos de delicadeza. Surpreendente foi assistir o voo mágico daquelas duas criaturas contornando as flores para alcançarem o infinito.
A bengala? Ficou ali reluzindo ao sol.
*Escritora, poeta e artista plástica.